quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Como ser homem nos tempos atuais?

“Ser um homem feminino, não fere o meu lado masculino, se Deus é menina e menino, sou masculino e feminino...” (Pepeu Gomes)



O homem atual vivencia um dilema muito grande. Encontra-se dividido entre as velhas tradições e as conquistas da nova mulher. Sente-se preso aos velhos costumes machistas quando lhe foi negado o direito de ser sensível e chorar (“Homem não chora”) e aprendeu que sua mulher era “dona do lar” e que deveria cuidar bem de seus pertences pessoais, das tarefas domésticas, da criação dos filhos e ainda estar deslumbrante para recebê-lo a noite quando chega do trabalho, e ao mesmo tempo este homem tem que satisfazer as expectativas dessa nova mulher que agora não é mais somente dona de casa e sim sua parceira, essa nova mulher que batalhou e conquistou o direito de exercer sua cidadania e escolher inclusive qualquer profissão, muitas delas tidas antigamente como exclusivas dos homens, a exemplo da carreira militar. Esta mulher “parceira” assumiu de direito o espaço público e hoje divide por igual ou até mais todas as necessidades que permeiam a vida a dois, principalmente o lado financeiro. Ela se empoderou e tornou-se detentora também de tomada de decisões importantes, na vida socioafetiva, profissional e familiar, exigindo hoje a prática e o respeito aos seus direitos de mulher cidadã: participando da política, dona de seu próprio corpo e gôzo, mulher mãe por escolha e não por imposição, mulher amante/amada por acreditar no amor. Essa nova mulher que desempenha múltiplas atividades, com jornada dupla de trabalho, necessitou envolver o homem para que se torne seu parceiro na divisão dessas tarefas, principalmente de criação dos filhos e trabalhos domésticos.

                             

É como se o homem tivesse ficado entorpecido diante da realização feminina, tipo: “o tempo passou na janela e só Carolino (o homem) não viu...” (Chico Buarque). Somente mais recentemente é que o “Príncipe Encantado” acordou e viu que sua “Branca de Neve” não precisa mais de “Sete Anões” como seus serviçais e aprendeu a se virar e dar conta do recado sozinha, e este homem está tentando se adaptar e conviver com esta mistura entre os velhos paradigmas machistas e seu novo papel masculino como parceiro de fato dessa mulher. Por outro lado, algumas mulheres deslumbradas diante das suas conquistas, tornaram-se muito exigentes, com auto-estima inflada e esqueceram que seu “Príncipe Encantado” está perdido, tentando acertar, para satisfazer as expectativas da sua parceira.
 A maioria dos homens já percebeu que o caminho é compartilhar as tarefas, principalmente entre as gerações mais jovens, mas existem ainda alguns “Belos Adormecidos” que está na hora de acordar para realidade: os dois trabalham fora, pagam contas juntos, escolhem ter filhos juntos. Nada mais justo que dividir também os direitos e principalmente os deveres.

                           


Afinal como equilibrar essa balança? Na verdade não existe uma fórmula pronta, nas atitudes saudáveis a exemplo de: saber dirigir-se ao outro quando necessitar fazer uma crítica ou tratar uma situação difícil. Dizer que eu ou nós dois estamos falhando (não errando) em determinado ponto, alivia o peso sobre o outro; ao passo que você confere um tom acusador. Entremear a crítica com frases tipo:  “Sei que está difícil para você...” ou “Entendo o que você está dizendo ou sentindo...”. Ambos devem se esforçar para evitar gritar ou alterar a voz para não sair do campo do diálogo para brigas. Deve argumentar seu ponto de vista, em vez de trocar agressões e acusações para não ferir o outro que você tanto ama e respeita. Por outro lado deixe claro que o sentimento que os une está acima de qualquer dificuldade, ajude a fortalecer os laços, mesmo em momentos difíceis. Através de reforços positivos, exagere em parabenizar, mesmo quando o homem suja todas as panelas e cozinha e fica feliz porque fez aquela comidinha para você ou fez aquela faxina “superficial” na casa e que suou muito e ficou exausto!

Libere o bom humor nessas horas e procurem rir juntos, dos desacertos do outro, porque quando você ri libera endorfinas cerebrais que aumentam o desejo sexual e o prazer, o que vai beneficiar o casal para desfrutar desse encontro de intimidade quando o casal reafirma a base de toda relação, não importando a raça, a cor, a preferência sexual, a religião, todos enfim compartilham o amor.

                              

“Todas as formas de amor valem a pena” Milton Nascimento




OBS: Os personagens dos contos de fadas aqui citados foram trocados de posição e das histórias propositalmente.


Referências bibliográficas:

- FALCONT, G e LEFAUCHEUR, N. A fabricação de machos. Rio de Janeiro : Zahar, 1997
- OLIVEIRA, S. R. C. A sexualidade e o homem. São Paulo: Lemos Editorial, 2000
- Basson R. Human sex reponse eyeles. J Sex Mrital Ther. 2001;27;33-43
- Masters WH,Johnson VE. A resposta Sexual Humana. São Paulo: Roca, 1984
- CHAUÍ , M. Repressão sexual – Essa nossa (des)conhecida . São Paulo; Brasiliense 1984.
- Freud S Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Obras psicológicas completas de S. Freud. Edição standart brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1972, v.7.
- Focault M. História da sexualidade, 3: o cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
- Helen Fisher- Porque ele? Porque ela? Livro – Ed. Rocco -2010
- ABDO CARMITA, Descobrimento Sexual do Brasil, Ed. Summus - São Paulo - 2004